Ir direto para menu de acessibilidade.

GTranslate

pten

Opções de acessibilidade

Início do conteúdo da página

Miguel Chikaoka homenageado no FIA CINEFRONT

Publicado: Terça, 13 de Abril de 2021, 15h06 | Última atualização em Terça, 13 de Abril de 2021, 15h06 | Acessos: 1412
Veículo: Holofote Virtual
Data: 12/04/2021
 
Embora exista muita diferença entre a imagem e a realidade que ela supostamente deveria apresentar, narrar contextos amazônicos através de fotografias se revela na exposição "Amazônia, Adeus" que celebra a obra do fotógrafo Miguel Chikaoka durante o VI Festival FIA CINEFRONT, no dia 3 de maio, às 19h, pelo canal de YouTube.

Fotografar é interpretar a si, aos outros e ao mundo. O trabalho do fotógrafo se assemelha ao ofício de um contador de histórias, capaz de narrar um fato através de uma fotografia. Essa exposição traz à tona denúncias sobre as condições de vida das populações locais, pois Chikaoka dispõe de imagens da luta camponesa pela terra, dos impactos da exploração mineral na região e da resistência dos povos indígenas no combate à invasão de suas reservas. 

As fotos fazer parte do acervo de imagens produzidas entre as décadas de 1980 e 1990, nas regiões do sul e sudeste do Pará. São fotografias produzidas em contextos marcados historicamente por intensos conflitos, violência e massacres, não muito diferentes de um cenário de guerra. Em registros do cotidiano nas trincheiras contra violações de direitos e desigualdade social, em meio ao agravamento da expropriação dos recursos naturais e a destruição da Amazônia, Chikaoka captou a tônica do processo de ocupação da região do final do século XX.

A história de Miguel Chikaoka e seu deslocamento para a Amazônia se cruza com fatos cruciais da história recente da região. Ao fixar residência em Belém na década de 1980, ele inicia sua atuação no contexto da produção fotográfica local, promovendo eventos fotográficos que culminam na formação do coletivo Fotoativa – transformado em associação nos anos 2000 e que continua em funcionamento até os dias atuais. Amazônia, Adeus surge de uma curadoria realizada a partir do acervo do fotógrafo durante as viagens realizadas como correspondente das agências F4 (entre 1981/1991), N-Imagens (1991/1994) e como fotógrafo do jornal Resistência, da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH). 

Imagens-denúncias floresta adentro 

Miguel Chikaoka - Foto: Alberto Bitar
O acervo do fotógrafo guarda ainda registros dos impactos das famílias que foram desalojadas pela Eletronorte para construção da Hidrelétrica de Tucuruí, com fotografias do Acampamento dos Expropriados da Barragem de Tucuruí, em 1984. No sul do Pará, em 1987, Chikaoka viajou pela região realizando um trabalho de denúncia sobre serrarias instaladas ilegalmente dentro da floresta. 

Este acervo apresenta ainda retratos de indígenas durante o Encontros dos Povos Indígenas, no ano de 1989, em Altamira, em que os indígenas assumem o protagonismo no ato de segurar a câmera filmadora, revelam um olhar sobre si diante do mundo. 

As fotografias do projeto Infância e Adolescência na Amazônia, de 1991 – ação realizada através da Organização Meninos e Meninas de Ruas da República de Emaús, coordenados pelo Padre Bruno em parceria com a UNICEF – buscou traçar um perfil das crianças e dos adolescentes do interior da Amazônia, documentando a realidade do trabalho infantil, as condições gerais nas escolas, as questões relacionadas ao saneamento básico e condições de moradia, alertando ainda para o risco da prostituição infantil. 

Amazônia, Adeus é uma proposta visual reflexiva sobre fatos e acontecimentos narrados por Miguel Chikaoka, que possibilitam compreender os diferentes contextos exploratórios do processo de desvalorização da Amazônia. É uma tentativa de rememorar estas ocorrências históricas que permeiam a memória social desta região, pois adota o envolvimento do olhar fotográfico como um modo a denunciar e apresentar estas realidades amazônicas em fotografias e desta forma, narrá-las.

Live - A homenagem a Miguel Chikaoka será por meio de uma live, no dia 3 de maio, com mediação do artista visual e professor da Unifesspa, Armando Queiroz e participações especiais. Participarão da live a curadora da exposição e professora da Unifesspa, Cinthya Marques, o militante e ativista dos direitos humanos, agroecologia e da luta pela terra na região, Emmanuel Wambergue e o artista visual Marcone Moreira, que produziu uma obra inédita a ser entregue ao homenageado. Além disso, o evento contará também com a intervenção poética de Ademir Braz. 

Serviço

O VI Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira - FIA CINEFRONT abre nesta quinta-feira, 15 de abril e vai até 15 de maio, trazendo exibição de filmes, debates, mesas redondas e sessões especiais.  O projeto é totalmente online, financiado pela lei estadual paraense Aldir Blanc de Emergência Cultural. Mais informações pela plataforma www.cinefront.org.

registrado em:
Fim do conteúdo da página