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A saga do professor que virou reitor da Unifesspa “da noite para o dia”

Publicado: Quinta, 10 de Dezembro de 2020, 11h58 | Última atualização em Quinta, 10 de Dezembro de 2020, 11h58 | Acessos: 1793

Veículo: Correio de Carajás

Data: 1 de Dezembro 2020

Link da Matéria: https://correiodecarajas.com.br/a-saga-do-professor-que-virou-reitor-da-unifesspa-da-noite-para-o-dia/

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Reitor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) desde 16 de setembro deste ano, Francisco Ribeiro da Costa se diz um eterno aprendiz da robusta máquina que passou a comandar “da noite para o dia”. O CORREIO conversou durante 40 minutos com o novo chefe de uma das mais prestigiadas instituições de ensino superior do Norte sobre os mais variados assuntos que giram em torno dos trabalhos na Reitoria. Na pauta, o balanço de três meses de gestão, a capacidade de articulação política do reitor em Brasília e as perspectivas dele e da comunidade acadêmica para o ano letivo de 2021, diante da pandemia e de implicações de recursos que a universidade enfrenta desde o ano passado.

Natural de Bujaru, aqui mesmo no Pará, o novo reitor tem 47 anos e ingressou na Unifesspa em 2006. Ele é doutor em Geologia e Geoquímica, vinculado à Faculdade de Geologia do Instituto de Geociências e Engenharia (IGE) da universidade. Antes da nomeação, pelo presidente Jair Bolsonaro, ocupava o cargo de diretor de Pesquisa e Inovação Tecnológica da Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Propit) da Unifesspa.

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Franciso Ribeiro ainda titubeia ao falar sobre números da instituição em entrevista, mas mostra humildade e pede ajuda aos “universitários”. A seguir, acompanhe a entrevista concedida por ele ao jornalista Ulisses Pompeu nesta segunda-feira, dia 30 de novembro:

 

CORREIO: Em dois meses e meio como reitor, o que o senhor já vivenciou na gestão da universidade que causou espanto?

Francisco da Costa: O contexto em que nós assumimos a Reitoria da Unifesspa reservava grandes desafios. Eu assumi em meio a uma pandemia, com as atividades didáticas todas suspensas presencialmente. Além disso, eu era o terceiro colocado na lista tríplice e fui elevado ao cargo de reitor, o que trouxe implicações. Conversei com a comunidade interna para sensibilizar e falar que não foi uma escolha minha. Não fiz nenhum acordo para me tornar reitor. Nesses meses, me dediquei a conhecer a estrutura da universidade, apesar de eu já integrar o quadro administrativo como diretor de pesquisa.

CORREIO: Muita gente dizia que era necessário manter o professor Maurílio porque ele sempre foi muito articulado do ponto de vista político. Como está sendo para o senhor lidar com isso?

Francisco da Costa: Está sendo um momento de muito aprendizado. Eu recebi muitos contatos do professor Maurílio. Estou articulando com deputados e senadores da bancada no Congresso Nacional e a receptividade tem sido boa. Tenho conseguido conversar com esses atores políticos e alinhar a questão das emendas. Estive em Brasília com o coordenador da bancada, senador Zequinha Marinho. Até o momento, os relatores do orçamento para as universidades não foram definidos. Fizemos visitas a todos os deputados que atuam na região e aqueles que já nos ajudaram no passado e se comprometeram a continuar. Destaco também a parceria com o governo do Estado.

CORREIO: O senhor relata certa nebulosidade quanto à aprovação do orçamento de 2021 da Unifesspa. Enquanto isso, que medidas o senhor pretende tomar para não ficar completamente desassistido?

Francisco da Costa: Nesse caso, o governo federal libera um doze avos do orçamento que seria aprovado para o período. Inicialmente, o governo federal vai contingenciar cerca de 54% do orçamento de 2021. A nossa preocupação é que esse um doze avos seja em cima do que vai ser liberado. E, provavelmente, vai ser. Então, esse recurso seria insuficiente para que nós possamos pagar ou custear as nossas atividades. É por isso que pegamos esse superávit que vamos jogar para o período seguinte.

CORREIO: Por falar nesse assunto, em quanto está calculada a diminuição do orçamento da Unifesspa?

Francisco da Costa: Sofremos uma diminuição de R$ 1,7 milhão em termos de custeio. Pedimos para o MEC para remanejar a verba de custeio para a de investimento. Empregamos parte dessa verba nas nossas obras. O restante será aplicado nas atividades de 2021.

CORREIO: A folha de pagamento da Unifesspa está estimada em quanto, atualmente?

Francisco da Costa: A folha de Marabá está em torno de R$ 115 milhões para o ano inteiro. Ela teve um aumento de 9,5% em relação a 2019 e se trata de verba de liberação obrigatória. Ou seja, nossa universidade injeta R$ 9,5 milhões na economia regional todos os meses.

CORREIO: Todos os alunos estão conseguindo ter acesso às aulas remotas?

Francisco da Costa: Todos e em todos os cursos que estão tendo aulas online. São cerca de 500 turmas no ensino remoto nesse primeiro período, que não foi obrigatório. Ou seja, nenhum professor foi obrigado a ministrar aula e nenhum aluno a assistir. Mas a maioria dos educadores ofereceu as suas disciplinas. Algo em torno de 85% dos nossos alunos fizeram matrícula e estão assistindo às aulas, que vão até o dia 22 de dezembro.

CORREIO: Quantos alunos receberam chips da Unifesspa para terem acesso às aulas remotas e realizarem pesquisa?

Francisco da Costa: Ao todo, 403 chips com internet de qualidade foram entregues aos acadêmicos. Além disso, entregamos 414 Chromebooks. Esse chip tem uma assinatura de dados que é suficiente para que os estudantes acessem tanto as aulas quanto as pesquisas que os alunos de baixa renda precisem fazer na internet. Mas é precisar deixar claro que esses serviços só estão disponíveis para alunos que se enquadram nos critérios de baixa renda.

CORREIO: Quando o calendário letivo de 2021 será iniciado?

Francisco da Costa: Precisamente no dia 4 de janeiro. As aulas ainda não serão presenciais. Nós estamos nesse período aguardando uma definição do MEC. Eu acredito que quando a vacina (contra o coronavírus) começar a ser distribuída, esse quadro vai mudar. Acredito que as atividades retornarão de forma gradativa ao longo de 2021, visto que nós já temos uma série de vacinas em estágio bem avançado.

CORREIO: O Consun é o órgão responsável por avaliar a implantação de novos cursos e indicar para onde a Unifesspa deve destiná-los. Como está sendo a avaliação dos novos cursos pelo conselho? Além disso, como a pandemia e o contingenciamento afetaram essa questão?

Francisco da Costa: Essa definição de novos cursos vai ficar clara só a partir de 2021, mas nós estamos oferecendo novas turmas. Essas turmas são de cursos que já existem na nossa sede. Nós temos dois programas que estão oferecendo cursos, sendo um em parceria com prefeituras como a de Canaã dos Carajás, com o projeto de pesquisa, ensino e extensão. Lá, nós temos sete turmas dos cursos de Engenharia Elétrica, Engenharia Civil, Engenharia Mecânica e Letras. A prefeitura de lá tem o fundo de educação e destina algo em torno de 3% da sua arrecadação para esse fundo.

CORREIO: E para Xinguara, como anda o projeto de implantação do Hospital Veterinário?

Francisco da Costa: O Hospital Veterinário de Xinguara vai atender os cursos de Zootecnia e Medicina Veterinária. Esse hospital terá 4.300 metros quadrados e entrou no orçamento de 2019 para ser executado neste ano, só que as emendas de bancada foram todas destinadas ao governo do Estado. Mas já estamos negociando emendas para, finalmente, executar esse grande projeto. Na semana passada, eu fiz uma reunião com todos os reitores de instituições superiores do Estado – UFPA, UFRA, Ufopa e do IFPA. Nós elaboramos um documento em conjunto, solicitando verbas de emenda da Bancada Paraense, que ainda vamos discriminar exatamente quais são os itens que queremos que sejam financiados. A divisão dessa verba foi feita de forma proporcional, com a UFPA recebendo mais (por ser a maior) e demais compartilhando valores iguais.

CORREIO: E qual é o déficit de técnicos e professores da Unifesspa?

Francisco da Costa: Nós temos um déficit de 309 servidores, tanto técnicos quanto administrativos. Também há carência de 178 professores para o quadro docente. Nós temos poucos servidores para a demanda de trabalho da Unifesspa. Essa pressão por mais colaboradores é interna e tem sido muito grande. Eu vejo, na posição de reitor, quanto os nossos servidores têm trabalhado. E, principalmente, nesse contexto de pandemia, em que o cara trabalha de casa. Eu só tenho a agradecer e parabenizar essa linda equipe.

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