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Mestrandos do PDTSA ouvem comunidade de Itupiranga sobre os impactos de grandes projetos

  • Publicado: Sexta, 10 de Junho de 2022, 18h54
  • Última atualização em Segunda, 13 de Junho de 2022, 07h51
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pesquisa de campo PDTSA

Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Dinâmicas Territoriais e Sociedade na Amazônia (PDTSA) da Unifesspa realizaram trabalho de campo na Vila Tauiry, distante 18 km da sede do município de Itupiranga, no início de junho. A atividade fez parte da disciplina "Dinâmicas Territoriais e Impactos Socioambientais", ministrada pelos professores Livio Claudino (IEDAR) e Bernardo Tomchinsky (IESB). O objetivo foi conhecer empiricamente, principalmente a partir de conversas com os moradores locais, sobre a história da comunidade com ênfase nas discussões e visões sobre grandes projetos que já afetaram e devem afetar a comunidade, em especial o grande projeto de derrocagem do Pedral do Lourenção para a construção de uma hidrovia.

Na oportunidade, o representante Ronaldo Macena, apoiou a organização de um momento de interação entre os estudantes e pesquisadores e os moradores, especialmente os mais velhos. Os residentes relembraram que por ocasião a construção da Barragem Hidrelétrica de Tucuruí, após o fechamento das comportas nos anos 1980, muitos foram removidos de suas comunidades, indo morar em outras cidades, como Jacundá, Nova Ipixuna, Itupiranga, Novo Repartimento, entre outras, mudando completamente seus modos de vida. Um dos impactos percebidos à época, no meio ambiente, foi a redução do pedral, que não voltou ao seu formato anterior. Em relação à empresa responsável, a Eletronorte, segundo os moradores, das muitas promessas que foram feitas, de compensações, como lotes e casas de alvenaria para os atingidos pela barragem, não foram cumpridas em todos os casos, conforme o acordado.

Os moradores destacaram que há um grande número de peixes e muitas variedades de espécies, mas que há um discurso predominante de que não tem peixes na área. Conforme relatos, desde 2015, especialmente com apoio da professora Cristiane Vieira da Cunha (ICH/Unifesspa), dentre outros colaboradores, os próprios pescadores estão monitorando a pesca, e verificando um volume considerável, em torno de 17 toneladas de pescado por luada, desembarcada só no Porto da comunidade Tauiry. Segundo informou Ronaldo, "a Luada como nós conhecemos fica em média de 12 a 15 dias exemplo, sendo que a luada começa na lua nova e vai até a lua cheia".

Atualmente, a maior preocupação dos comunitários é com o projeto de derrocagem do Pedral do Lourenção. Dentre os impactos imediatos esperados, um deles é ficar 3 anos sem poder consumir/utilizar de nenhuma forma a água do rio; a mudança na dinâmica do fluxo de peixes, inclusive a impossibilidade e inviabilidade de pesca durante pelo menos metade de uma década, sendo que essa é a maior fonte de renda e também de proteínas, aliada ao fato de que, após a derrocagem, o modo de pesca peculiar no pedral não poderá mais ser desenvolvido. Destaca-se que com a hidrovia o espaço de pesca, no pedral remanescente, será muito reduzido, e dificultado, tendo em vista a passagem constante de grandes embarcações. Há ainda, além dos usos comunitários, um turismo sazonal no pedral, que será enormemente afetado.

Segundo os moradores: "O pedral é uma defesa para o peixe, é a casa dele, eles são os moradores das pedras; se tirar as pedras os peixes vão embora". E com essas lições, os estudantes do mestrado, oriundos de diversas áreas de formação, puderam compreender melhor as dinâmicas territoriais e os impactos socioambientais regionais, especialmente aqueles concernentes aos grandes empreendimentos seja do agronegócio, mineração e de construção de vias de escoamentos. A visita terminou com um almoço servido na comunidade, tendo como elemento principal o peixe frito, seguido de um passeio pela vila para conhecer espaços comunitários como igrejas, casas antigas, escola e demais infraestruturas.

*Com informações do PDTSA

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