“Quanto mais agregarmos as diferenças dentro do trabalho, mais saúde mental teremos” destaca professor Eric Alvarenga no IV Encontro de Saúde Mental

As notícias de um vírus perigoso que se aproximava causava tensão na comunidade universitária e o clima de incerteza pairava pelos corredores e salas de aula da Unifesspa. O mundo estava entrando em colapso e o vírus começava a se disseminar em território nacional. 

Em 18 de março de 2020, servidores terminaram o expediente levando consigo o material mínimo necessário para continuar, de casa, as demandas de trabalho do dia seguinte. As portas da instituição precisaram ser fechadas até que houvesse segurança para todos. Não era possível esperar nem mais um dia.

Assim começava uma nova e difícil jornada para a maioria dos mais de 700 servidores da Unifesspa, marcada por desafios, angústia, medo, perdas, mas também por conquistas, crescimento e superação. Após um ano e meio de aulas e trabalho remotos, a universidade se prepara para retomar suas atividades presenciais e um novo clima surge entre os membros da comunidade, desta vez, envolto por sentimentos de alívio e receio ao mesmo tempo.

“Cada um precisou se adequar como pode não só na estrutura física, mas principalmente nas questões emocionais. Agora, prestes a voltar ao modo presencial, como será retornar ao trabalho e conviver novamente? Não é como se estivéssemos voltando de férias, estamos diante de um novo contexto e precisamos estar preparados”, alertou a psicóloga da Unifesspa, Poliana Ferreira. 

Para colaborar com essa nova fase laboral, refletindo especialmente sobre a saúde mental dos servidores no contexto de pandemia, a Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas da Unifesspa, por meio da Divisão de Saúde e Qualidade de Vida (DSQV), promoveu 3 dias de palestras e oficina com a presença de importantes especialistas que puderam envolver a comunidade num amplo diálogo sobre o cuidado com a saúde emocional.

Um dos palestrantes foi o professor da UFPA, Eric Alvarenga. Refletindo a saúde mental de quem trabalha no serviço público, ele ressaltou a necessidade de diálogo para compreender as diferentes realidades que envolvem o processo de retorno presencial.

“As nossas vidas são distintas, temos muito em comum, mas muitas coisas que nos separam e é isso que nos faz únicos. Tudo isso deve ser levado em consideração num momento de mudança como o que estamos vivendo agora. Quanto mais ouvimos, mais temos material para tomar as nossas decisões. Quanto mais conseguimos agregar as diferenças dentro do trabalho, mais saúde mental conseguiremos”, afirmou.

Para o professor, o reconhecimento de valores de pessoas e de suas funções;  programas de capacitação profissional que busquem o desenvolvimento de carreira e promovam segurança, amenizando a ansiedade, além de melhorias das condições do ambiente físico são elementos importantes para preservar a saúde mental dos trabalhadores no serviço público.

“Mais importante que promover palestras, momentos de ginástica laboral, recursos de meditação, etc. precisamos mudar o trabalho. Nossas ações de saúde mental precisam ser menos voltadas para medidas paliativas e mais para a prevenção da causa do sofrimento do trabalhador. O acolhimento é importante, mas é urgente enfrentar o que produz esse sofrimento nas organizações, ou seja, no modo como o trabalho está organizado”, acrescentou Alvarenga.

Para assistir a palestra, acesse aqui.

A programação do IV Encontro de Saúde Mental do servidor Unifesspa termina no dia 28 de setembro, com a mesa redonda Setembro amarelo na Unifesspa: reflexão e estratégias de prevenção ao suicídio no contexto universitário, com as presenças das professoras Maria do Socorro Mariano (Unifesspa), Ana Maria Lopez Calvo de Feijoo (UERJ), Ana Karina Silva Azevedo (UFRN) e Jeane Saskya Campos Tavares (UFRB). O evento será transmitido pelo canal da Unifesspa no Youtube.