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Revista Margens publica o dossiê "Margens, Poder e Insurgências na América Latina"

  • Publicado: Terça, 21 de Setembro de 2021, 09h18
  • Última atualização em Quinta, 23 de Setembro de 2021, 09h44
  • Acessos: 1192

Revista Margens

A Revista Margens Interdisciplinar do Programa de Pós-Graduação em Cidades, Territórios e Identidades (PPGCITI), da Universidade Federal do Pará – Campus Abaetetuba, publicou o dossiê “Margens, Poder e Insurgências na América Latina”, que conta com a participação do prof. Dr. Lívio Claudino, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). O dossiê traz trabalhos de pesquisadores que refletem sobre as práticas e discursos através dos quais agentes e instituições estatais atualizam violências históricas e reivindicações políticas frente às violências engendradas pela racionalidade neoliberal.

Segundo os organizadores da revista, "a proposta deste dossiê surge  da intenção de, ao abordar as margens, as insurgências e as múltiplas formas de exercício do poder, descer ao cotidiano e resgatar as possibilidades de vida. Estávamos guiados pelo projeto de reinscrição de narrativas e dos diversos modos de existir e resistir frente aos processos históricos de dominação e opressão que marcam a história, a cultura e a geopolítica na América Latina. De fato, não presumíamos que a realidade, em poucos meses, se transformaria contundentemente em luto, dor, incerteza e aterramento. Desde o anúncio do primeiro caso do novo coronavírus no Brasil, em fevereiro de 2020, vimos quase meio milhão de mortos pela pandemia da COVID-19; vivenciamos a devastação de vidas e do nosso próprio cotidiano, duramente afetado e reconfigurado. E ainda seguimos nesse cenário brutal, difícil de ser nomeado porque repleto de perplexidade e incerteza. (...) Nesse sentido, se antes intencionávamos a reunião de narrativas insurgentes que subvertessem lógicas de opressão em cenários marcados por violências, sujeições e silenciamentos, hoje entendemos, mais do que nunca, que tais enfrentamentos (e a textualização dessas experiências) são inescusáveis, uma vez que estamos nos nutrindo dessas perspectivas de reconstrução e reação para vislumbrar um amanhã possível. O que estamos pontuando é que a desolação causada pela pandemia da COVID-19, ao mesmo tempo que nos preenche de incertezas e sofrimentos, também pode nos impulsionar a projetar um novo sentido de luta e de ânimo para desafiar as arbitrariedades e as diversas formas de dominação e injustiças. Para retomar Veena Das (2020, p. 27), precisamos nos indagar sobre “o que é recolher os pedaços e viver nesse lugar de devastação” para enxergarmos as saídas plausíveis que podem afrontar os poderes e iniquidades vigentes. (...) Não é tarefa fácil, porém, atravessar esse tempo e, simultaneamente, elaborarmos as respostas e as resoluções das aflições. Mas a seleção de artigos que compõe este dossiê possui em comum o sentido do enfrentamento imperativo, além de dividirem experiências e histórias que atestam, propositivamente, que é possível adiar o fim do mundo, parafraseando Ailton Krenak (2020). E, sendo assim, torna-se factível entender que os movimentos históricos que nos antecederam, bem como as ações contemporâneas de resistência são carregados de expectações de transformação. E esboçar a irrupção de ondas de mudança é tudo que precisamos neste momento. É por isso que existir em lugares devastados nem de longe significa conformar-se com a realidade destrutiva que por agora se agiganta no cenário latino-americano. Os debates teóricos e empíricos aglutinados neste dossiê nos ensinam que viver, por aqui, é tanto engendrar caminhos de denúncia e explicitação quanto reinventar sentidos e possibilidades de existência apesar das forças aniquiladoras que se espraiam e se transformam de acordo com as conexões possíveis entre marcadores de raça, classe, gênero e sexualidade. (...) É justamente neste ponto que os textos aqui reunidos fazem toda a diferença ao conectarem análise, reflexão, denúncia e mecanismos de reinvenção da vida, levados a cabo por pessoas reais e movimentos potentes, explorando desde a colonialidade intervencionista sobre corpos, gênero e territorialidades no espectro de diferentes políticas públicas e de governo até a criatividade de mobilizações insurgentes contra múltiplas formas de violação de direitos."

O periódico conta com um total de 16 trabalhos científicos separados em tópicos: Dossiê, Artigos e Entrevista. A Margens: Revista Interdisciplinar começou a ser publicada em 2004 de forma impressa, mas em 2015 passou a ser publicado de forma digital. E em 2018 o professor Livio Claudino passou a participar da revista Margens como Editor-chefe. Para os interessados, o dossiê pode ser acessado no link: https://periodicos.ufpa.br/index.php/revistamargens/issue/view/458/  

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